Chupeta: devo ou não oferecer ao meu bebê?
A opção por uso ou não da chupeta em bebês é um assunto que divide mães. São muitas variáveis a se considerar, então quanto mais informações temos, mais confortável nos sentimos (ou deveríamos nos sentir) em tomar uma decisão em relação a esse tipo de assunto.
Pediatras tendem a ser contra o uso da chupeta pela quantidade de riscos associados ao seu uso. Mas esse é um assunto polêmico em que, além do pediatra, vale a pena também ouvir a opinião de outras mães. E aí perceber que, na prática, a lista dos prós e contras pode ser um pouco diferente daquela que o seu pediatra informa. Afinal, ele está cumprindo o seu papel de informá-la dos possíveis riscos no desenvolvimento da criança. Mas ele pode não entrar muito nas questões comportamentais.
Então, quais são os riscos que a chupeta traz para o bebê? Vamos elencar aqui os principais:
- Confusão de bico / menor tempo de aleitamento materno – há estudos que indicam que o uso da chupeta pode atrapalhar a amamentação, pois é “mais fácil” para o bebê chupar o bico da chupeta do que o peito da mãe. Inclusive algumas mães que dão chupeta para o bebê acabam introduzindo a mamadeira cedo também, e isso pode ser um incentivo para o bebê se desinteressar pelo peito mais rápido. Esse é o principal motivo pelo qual organizações como a OMS e a Unicef não recomendam a introdução da chupeta no recém-nascido.
- Risco de má oclusão dentária, ou seja, um alinhamento anormal da arcada superior com a inferior. Além disso, existe risco de outros problemas no desenvolvimento oral como o atraso na fala, desenvolvimento precoce de cáries e aparecimento de verminoses, já que a higiene perfeita das chupetas o tempo todo se torna inviável.
- Tendência da criança desenvolver uma respiração mais oral, piorando a elevação do palato (céu da boca) e aumentando riscos de infecções de ouvido, rinites e amigdalites (já que não ocorre a purificação do ar via nasal na mesma proporção). Da mesma forma, aumentam também as chances de irritação da faringe, laringe e pulmões.
Bom, ninguém quer esses riscos para o seu bebê, certo? É de se pensar que a maioria das mães, ao se deparar com essa lista, jogaria fora a chupeta e nunca mais cogitaria tal absurdo. Só que não.
Acontece que a maioria das mães escolheram por introduzir a chupeta em seus bebês. Alguns estudos apontam que de 60 a 85% dos bebês usam chupeta. E a verdade é que na grande maioria, suas crianças crescem e se desenvolvem normalmente. Ainda que demorem um pouco para falar, ou apresentem em algum momento da vida rinite ou alguma irritação na garganta, que também dificilmente serão comprovadamente associadas à chupeta. Cada criança desenvolve de uma forma, tem suas características únicas. Complicações mais graves em decorrência do uso de chupeta são simplesmente muito mais raras, e tudo depende também de quanto tempo a criança usa a chupeta durante o dia e até que idade os pais permitem seu uso.
Agora, em relação aos benefícios, os pediatras normalmente costumam informar do menor risco de SIDS (síndrome da morte súbita) em bebês que usam a chupeta. O que também não é exatamente um consenso. Apesar de existirem vários estudos que associam esses 2 fatos, há também muitas críticas em relação à metodologia aplicada, o que pode gerar questionamento em relação aos resultados. Nos Estados Unidos, por ser o país com maior incidência de SIDS (0,5 a cada 1000 nascidos vivos), a AAP (American Academy of Pediatrics) recomenda o uso das chupetas para dormir para redução desse risco.
Mas se você perguntar para os pais adeptos do uso da chupeta, provavelmente terá respostas diferentes.
A chupeta, como o próprio nome em inglês (“pacifier”) diz, traz PAZ ao bebê (e, por consequência, para os pais). Os bebês têm uma necessidade de sucção notável; a sucção acalma eles, de forma que a chupeta parece “completar” os bebês. Não é um artefato que você usa para calar um bebê chorando, somente resolver um problema imediato, como muitos pensam. Vai muito além disso, é algo que acalma eles, os ajuda a dormir… e por consequência, alivia uma boa parte do esforço físico e mental de cuidar de um recém-nascido – o que se traduz também em mais qualidade de vida para o bebê: se os pais estão mais em paz, se estressam menos com o bebê, muitas vezes têm mais paciência com o pequeno e conseguem dedicar mais atenção de qualidade a ele. Muitos pais relatam a introdução da chupeta como “game changer”, o que significa que a mudança da dinâmica mudou muito.
Só quem tem um bebê que briga com o sono entende o quanto esse benefício pode fazer a diferença. Existem outras formas de acalmar o bebê? Sim, existem. A própria amamentação é um dos maiores recursos para acalmar e adormecer um bebê. Porém, com o passar do tempo, pode ser sofrido para a mãe um bebê que só acostumou a dormir no peito. O uso da chupeta facilita o desvincular do peito com o sono, assim como também é um fator que ajuda muitos pais que passam por treinamento de sono com seus bebês.
Mas nem tudo são flores… afinal, introduzir a chupeta é um processo. Quanto antes, mais fácil. Mas a recomendação oficial da AAP, justamente para evitar que o bebê desmame antes da hora, é oferecer a chupeta somente quando a amamentação já estiver estabelecida, por volta das 4 semanas de vida. E tirar a chupeta é outro processo, que costuma ser ainda mais sofrido. Alguns pais optam por deixar para tirar somente quando a criança já entende e interage de forma mais racional, mas a recomendação da AAP é que a chupeta seja tirada antes do 1º aniversário. Alguns estudos indicam que os problemas dentais permanentes podem surgir com o uso da chupeta a partir do 2º ano de vida.
Outro ponto a se considerar é o tempo de uso da chupeta. Pais que introduzem a chupeta somente na hora de dormir normalmente têm mais facilidade de desacostumar a criança ao seu uso. Enquanto que bebês que acostumaram a dormir com a chupeta a noite toda podem acabar demandando ajuda dos pais durante a noite quando ele perde a chupeta durante o sono.
Outros benefícios do uso da chupeta
– Há estudos que indicam que a sucção não-nutritiva tem um efeito analgésico, o que pode significar menor tempo no hospital para bebês prematuros. Nesse sentido, a chupeta pode também ser recomendada pelo alívio da dor ou desconforto em situações de exames ou pequenos procedimentos médicos que o bebê possa necessitar;
– O uso da chupeta facilita viagens de avião. A sucção promovida pela chupeta proporciona uma mudança no ouvido médio, facilitando a mudança de pressão quando o avião está subindo ou descendo.
– Acelera o ganho de peso em bebês prematuros. Estudos mostram que bebês prematuros que usam chupeta durante sua estada no hospital conseguem se alimentar melhor com a mamadeira. Mesmo na alimentação por gavagem (tubo) também há melhora na digestão. Por consequência, o bebê ganha peso com mais facilidade e consegue sair mais cedo do hospital.
– Apesar da má associação da chupeta à formação oral, bebês que não usam chupeta mas chupam o dedo constantemente tendem a ter ainda mais problemas no desenvolvimento da dentição, pois o dedo não é anatomicamente simétrico e feito para isso;
– Em relação à amamentação, há um estudo da Cochrane que conclui que, nos primeiros meses de vida, a introdução da chupeta, não afeta a duração do aleitamento materno. Esse tipo de tema é tão relativo que, dependendo do caso, o efeito pode ser o contrário. Um novo estudo do Journal of Human Lactation mostrou que a chupeta fez diferença para mães com maiores risco de depressão pós-parto, e que facilitou que as mesmas continuassem a amamentação por mais tempo.
– O fato da chupeta acalmar os bebês faz com que os pais tenham mais sanidade e tranquilidade para lidar com as diversas situações nos primeiros meses de vida de um recém-nascido. Além disso, a chupeta pode significar mais independência para a mãe, que não precisa lidar com a necessidade da amamentação a toda hora.
Higiene e Segurança no uso da chupeta
O uso de chupetas muitas vezes acaba trazendo algumas verminoses, portanto é de extrema importância manter a chupeta o mais limpa possível antes de oferecer ao bebê. Claro que isso pode ser um desafio, principalmente se o seu filho é daquele que põe e tira a chupeta mil vezes por dia. Por isso uma estratégia muito adotada é ter não 1 chupeta, mas sim várias, principalmente ao sair de casa. Assim, cada vez que o bebê levar a chupeta ao chão, você troca por uma limpa. Chupetas de silicone costumam ser mais higiênicas que as de látex, pois absorvem menos umidade e líquidos.
Em relação à segurança, para garantir que o seu bebê não engasgue nem consuma substâncias tóxicas ao fazer uso da chupeta, procure sempre comprar de marcas que você conhece e confia, e notar se o material da chupeta é “BPA-free”. Também é importante conferir que a chupeta tem a certificação do Inmetro. Evite deixar a chupeta exposta ao sol e, ao notar que ela começou a ficar “gasta”, descarte-a imediatamente e troque por uma nova.
Fitas e cordões que mantêm a chupeta presa à roupa do bebê podem ser práticos durante o dia, mas jamais deixe seu bebê dormir com elas, pelo risco de sufocamento.
Como limpar a chupeta?
Cada vez que for limpar a chupeta suja, passe em água corrente para tirar o grosso da sujeira; e em seguida esterilize-as em um aparelho próprio (elétrico, de micro-ondas) ou em água quente. Confira na embalagem da chupeta instruções para esterilização.
Hoje em dia há diversos aparelhos super práticos para esterilização de chupetas, mamadeiras e afins. A própria embalagem de algumas chupetas são feitas para serem colocadas no micro-ondas e esterilizadas.
Então, devo ou não oferecer a chupeta ao meu bebê?
Certamente, por ser um assunto tão controverso e que envolve tantas variáveis, a decisão de introdução da chupeta ou não no bebê deve levar em conta vários fatores, incluindo o estado de saúde do bebê e o estágio da amamentação. Deve ser um assunto para ser discutido com o pediatra, mas que, no final, acaba dependendo muito mais da preferência dos pais.
Não há certo ou errado. Muito cuidado em relação a julgamento de outras pessoas, principalmente de quem não passa nem passou por isso. Lembre-se, muitos querem opinar, mas cabe a vocês se informarem e tomarem a melhor decisão para seu bebê a sua família! Nem sempre é fácil, mães não acertam o tempo todo, mas faz parte do caminho, acredite, cada mãe sabe o que é melhor para seu bebê.
Para mães e pais que optam por não oferecer a chupeta, podem tentar, como alternativa, inserir algum outro objeto que a criança se apegue e acabe até “treinando a sucção”, como uma naninha. Naninhas são comuns como objeto de acalento ao bebê, mas exige uma atenção maior nos primeiros meses por trazer risco de sufocamento se usada ao dormir sem supervisão.
O que as mães falam sobre o uso de chupeta
“Minha filha não gostava de chupeta quando nasceu, eu até estranhei. Ela foi começar a usar quando tinha 9 meses porque ficou incomodada com os dentes que estavam nascendo. Ela colocava qualquer coisa na boca. Quando estava com 2 anos e meio a levei na dentista e fomos orientados a tentar tirar a chupeta para evitar a mudança da fala e a posição dos dentes. Já saímos da consulta sem chupeta, ela chorou por alguns dias (menos de 1 semana) e sentimos uma grande melhora na fala e aparência dos dentes.”
Anonimo
“Eu e meu marido sempre dissemos que não daríamos chupeta para a nossa filha, mas isso foi antes dela nascer, porque na teoria tudo é mais bonito e fácil, mas na hora que você vê sua filha com dificuldades em relaxar para dormir, você começa a repensar se essa inflexibilidade faz mesmo sentido, afinal de contas, não há prejuízo real porque quando bebê nem há prejuízo da dentição, e a criança pode criar o hábito de chupar os dedos, o que é bem pior porque você não consegue “tirar” depois.
Optamos por dar uma chupeta que imita o formato do bico dos seios, e ela dormiu logo de cara, só de darmos a chupeta. E assim começamos a usar a chupeta nela mas única e exclusivamente para ela pegar no sono, ou seja, ela nunca ficou durante o dia chupando chupeta, ela ficava poucos minutos com a chupeta e logo dormia, e tirávamos a chupeta dela.
Desse jeito que fizemos não houve prejuízo na dentição, e com 3 anos tiramos a chupeta e foi bem tranquilo, sou a favor de fazer as coisas de maneira lúdica, e sempre olhando as vantagens e desvantagens que cada coisa traz para ela, sem pré-conceitos e sem pressa de fazer o que os outros esperam que seja feito.
Hoje vemos que fizemos tudo como deveria ter sido, e seguimos nossa intuição de mãe e pai.”
Aline mãe da Lara
“Aqui ainda usa chupeta para dormir, mas pretendo tirar em breve. Optei por usar porque o mamar e o colo não relaxavam minha bebê. Foi fácil introduzir e quando estava irritada eu usava e fui diminuindo o uso aos poucos.”
Rachel Castro , mãe da Bianca
“Sim usou e deixou ele muito calmo. A retirada da chupeta é traumática após 1 ano….a gente sofre mais que o bebê. Mas a partir do momento que decidiu tirar não pode voltar atrás. Recomendo tirar a chupeta no máximo com 11 meses.”
Anônimo
“Nunca! Eu não comprei e me desfiz das que ele ganhou, porque sabia que num momento de desespero eu poderia cair na tentação… e daí as chances de desmame e problemas ortodônticos seriam enormes! (não que o uso da chupeta traga só esses problemas – são muitos outros, mas estes eram os que eu conhecia e temia na época).”
Marília, mãe do Heitor
“Os dois usam chupeta e estou tentando tirar a chupeta agora. Processo super difícil.”
Juliana
“Minhas filhas eram calmas e não senti necessidade de oferecer chupeta.”
Silvana, mãe da Mariana e da Maria Carolina
“O meu filho mais velho usou chupeta mas, como era uma criança tranquila, antes de completar 3 anos, tiramos. O segundo nunca aceitou chupeta, tentamos de tudo para ele pegar e não adiantou.”
Lígia Silva
“Optamos por não oferecer a chupeta quando ela nasceu. Mais tarde, com uns 2 meses, no desespero, oferecemos, porque tinha dificuldade de acalmar e dormir, mas ela não pegou. Não insistimos. Agora, com mais de 1 ano, é bem melhor que ela não usa a chupeta. Nunca foi de chupar o dedo também, só precisa sempre da fraldinha de boca, é o conforto dela. Mas pelo que passamos com ela até o terceiro mês, acredito que a chupeta teria ajudado muito.”
Mariana, mãe da Luísa
"Nunca conheceremos a nossa verdadeira força até o momento que nos tornamos mães"
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Eu Sou Mãe surgiu com a idéia de ser uma fonte de apoio e compartilhamento para as mães pelo mundo. Para as mães que passam ou passaram por momentos difíceis, se sentem sozinhas ou inseguras na sua dificuldade, esse é momento de se sentir acolhida. Mais do que informar, queremos compartilhar a experiência de diferentes mães por aí. E você, mamãe, terá a oportunidade de compartilhar a sua experiência também, ajudando as outras mães. Nós acreditamos que o ato de AJUDAR e COMPARTILHAR nos faz mais FORTES.
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