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Os desafios emocionais de uma mãe

Ser mãe é estar disposta a encarar uma tonelada de desafios. Cuidar da saúde de um bebê, ter disposição para carregá-lo no colo diversas vezes por dia, estimular o seu desenvolvimento… enquanto somos privadas de um sono de qualidade, enquanto seu bebê vai chorar muitas vezes mesmo que você faça tudo certo…. Lidar com as febres, com as vacinas, ensiná-lo a comer, a falar, a caminhar, participar das brincadeiras, educar…. enfim, a lista é imensa! Mas…. provavelmente você já sabia disso.

Por outro lado, se tem algo que pega muitas mães desprevenidas é o desafio de lidar com a nossa própria mente. Com tantos altos e baixos, é natural que a nosso emocional seja abalado. Afinal, são tantas coisas, o foco se concentra tanto no bebê, que a gente se sente esquecida, deixada de lado. Se pensar que saímos do período da gestação, em que somos o centro das atenções, para de repente, “deixar de ter uma vida própria, uma personalidade” – é uma mudança muito brusca! Não é à toa que tem um  número relevante e crescente de mulheres com depressão pós-parto.

Somado aos fatores citados acima, ainda temos as mudanças fisiológicas – algumas mulheres encontram dificuldade em gostar do seu corpo após o nascimento do bebê, seja por um excesso de peso carregado com a gestação, seja por uma mera percepção de que seu corpo ficou “sem graça”. E temos também as inseguranças e frustrações das mamães que não conseguem ou que enfrentam alguma dificuldade com a amamentação – e não são poucas.

O que fazer para lidar com essas questões emocionais?

Em primeiro lugar, nossa primeira e melhor amiga é a nossa consciência. Evite deixar-se levar pelas promessas das propagandas e redes sociais que nos levam a sonhar com a “magia da maternidade”. Ser mãe é algo muito, muito especial, e um privilégio, eu diria. Mas ninguém fala sobre o lado obscuro. E o fato de ninguém falar é que faz com que muitas mães que passam dificuldade se sentirem sozinhas.

Se você estiver grávida, provavelmente já sonha um pouco com os momentos mágicos com seu bebê, com o vínculo maternal…. afinal sonhar é inevitável, não é mesmo? E eles virão! Mas saiba que esse vínculo acontece de verdade mesmo somente após alguns meses. Durante os 3 primeiros meses, chamados de ‘exogestação’ – a “gestação fora da barriga” – o bebê não enxerga direito, não tem consciência ainda de quem ele é ou de quem são seus pais, e está totalmente voltado para suas necessidades fisiológicas – principalmente comer e dormir.

Uma outra forma de “se ajudar” nesse processo é contar com uma rede de apoio. Peça ajuda para seus pais e amigos mais próximos para conseguir descansar de vez em quando. Converse, procure pessoas que têm ou tiveram experiências parecidas com a sua. Independente de você ter ou não uma rede de apoio, você não é a única, muitas mães passam por dificuldades emocionais. Mas se você tiver sinais mais fortes de depressão, procure ajuda profissional.

Por fim, tenha consciência de que apesar de você se anular em função das necessidades e prioridades do seu bebê, você não é um “nada”. Muito pelo contrário, você, como mãe, é TUDO para ele – mesmo que ele não saiba, nem expresse isso ainda. Mas a sua importância para o seu bebê vai muito além do colo e do leite que você provê. E uma hora você vai perceber isso.

Mulheres que voltam a trabalhar, ou mesmo que conseguem retomar atividades pessoais alguns meses depois tendem a recuperar mais rápido sua “identidade”. É importante para a mãe ter outras atividades que não sejam voltadas para o bebê.

Espere o inesperado

Cada bebê é de um jeito, e por esse motivo não tem como pré-definir como serão os primeiros meses do seu bebê. Tem bebê que chora muito, tem bebê que briga com o sono, tem bebê que quer mamar o tempo todo, tem bebê que mama bem menos…. “Abrace” o indefinido – afinal, que outra opção nós temos?

O choro do bebê de forma contínua é algo que “tira a nossa alegria de viver” – e só quando passamos a ouví-lo que entendemos isso. No início, muitas vezes, é difícil distinguir o motivo do choro. Entre as inúmeras possibilidades, acredito que a mais recorrente é o sono, pois o bebê humano nasce sem ter “aprendido a dormir”, com frequência ele precisa da nossa ajuda para isso.

Nós, mamães, tendemos a sentir que doamos nosso corpo e alma àquele bebê e que não somos correspondidas. Mas nos primeiros meses o bebê não tem consciência do que estamos fazendo por ele. Tenha em mente que chorar é praticamente o único instinto do bebê quando ele sente alguma necessidade não atendida.

Tenha sempre o acompanhamento de um pediatra de sua confiança. Se o bebê chorar demais, reporte ao pediatra que, com uma avaliação clínica, poderá confirmar se é algo normal e da personalidade do bebê. A chupeta é um item que muitas vezes ajuda acalmar bebês inquietos – leia aqui sobre as vantagens e desvantagens de seu uso.

Estrutura familiar

O choro e as situações difíceis com o bebê, a privação do sono e de um tempo de qualidade para os pais podem abalar a estrutura familiar. Se você tiver outros filhos, converse com eles e busque sua compreensão sobre a nova situação. Independente com quem você more, o diálogo e a cooperação são essenciais. A família deve estar unida, e todos devem ser tolerante uns com os outros. Discussões ou rancores familiares só dificultam ainda mais a situação para todos.

O que as mães falam sobre a parte emocional

“Depressão Pós-parto? Sim, tive”.

Anônimo

 

“Tive depressão, precisei fazer uso de medicação. É muito difícil pois às vezes o nosso meio ainda nega essa realidade. Existe um glamour sobre a gestação e a chegada do bebê que muitas vezes, a maioria  não acontece. Hormônios, corpo se adaptando, privação de sono, tudo isso vai contribuindo. É um período muito delicado.”

Sheila, mãe da Theodora

 

“Tive um dia de baby blues, 6 dias depois do parto, por problemas na amamentação.  Chorei um dia todo.”

Camila, mãe do Lucca e da Marina

 

Não sei se cheguei a ter depressão pós-parto, não houve diagnóstico e talvez eu nem soubesse enxergar se tinha ou não. O que acredito é que quando nos tornamos mães, uma parte de nós morre, e precisamos aprender sobre essa perda e nos permitir sofrer e vencer o luto.”

Carina Biacchi

 

“Foi muito difícil. Na minha primeira gestação, por ser muito nova, eu tinha apenas 23 anos, não me sentia preparada para a responsabilidade de uma pessoinha que iria depender de mim para crescer forte e saudável. Após o parto e nas primeiras semanas fiquei na casa dos meus pais e com o apoio e ajuda da família, fui me fortalecendo e conseguindo superar e entender essa dualidade de sentimentos.”

Silvana, mãe da Mariana e da Maria Carolina

 

“Fiquei mais sensível, tive medo de não dar conta. Mas não acho que tive depressão”

Anônimo

 

“No começo não sabia o que era aquele sentimento de tristeza, não tinha informações sobre esse assunto, fiquei assustada, pois às vezes acordava à noite e ficava pensando “o que tinha feito da minha vida”, e “agora não sei se quero isso pra mim”… foi complicado, tive que tomar um medicamento por uns 2 meses… daí passou… do nada passou…

Cassia, mãe do Rômulo

 

“Não tive depressão, mas os sentimentos e emoções foram muitos intensos”.

K.C.

 

“Houveram muitos momentos de choro pois no início a conexão com o bebê era muito diferente do que eu esperava. Tudo muito mecânico, você se doa e não sente nada em retorno. Eu não sentia o vínculo que eu esperava sentir. Mas, quando veio, tudo mudou.”

Mariana, mãe da Luísa

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Autor desconhecido

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