Se tem um assunto que é praticamente consenso entre pediatras, psicólogos e profissionais que lidam com o comportamento do bebê, é a rotina do bebê. Bebês e crianças precisam de rotina, e a rotina pode ter reflexo no humor do bebê, na alimentação, no sono…. em praticamente tudo. Bebês e crianças pequenas, que ainda não entendem tudo que os pais falam, não tem maturidade ou discernimento para encarar situações adversas, precisam da rotina mais que ninguém. A rotina para elas é um conforto. Mais do que isso, a rotina faz parte da comunicação, da forma que elas entendem o que está acontecendo no momento, e o que esperar em seguida. A rotina muitas vezes faz com que a criança aceite uma situação que fora da rotina ela lutaria contra, por exemplo.

Mas então, se a rotina para o bebê é tão benéfica, por que algumas famílias têm tanta dificuldade em inseri-la?

Para entender melhor essa questão, vamos por partes. Afinal, cada fase do bebê é diferente, e tem seus desafios.

1. Quando o bebê nasce

Nos primeiros 3 meses do bebê, principalmente no primeiro mês, logo que o bebê vem pra casa, normalmente a rotina, os horários ficam todos bagunçados. Mesmo os pais, que costumavam ter horário para dormir e acordar, não conseguem manter a mesma disciplina. E tudo bem ser assim, o bebê é muito pequeno, acabou de sair de um ambiente quentinho e fechado para um mundo de luzes, sons, vozes e estímulos, então o bebê precisa muito do conforto e do colo da mãe. A pressão de sono é muito forte ainda nessa fase, e a amamentação costuma ser sob demanda.

No início não tem horário para o bebê dormir, ou mamar. No início o bebê mama e dorme várias vezes por dia – e por noite. Os pais precisam estar preparados para conseguir atender às demandas imediatas daquele bebê, e as suas tarefas pessoais, inclusive o seu sono fica em segundo plano.

Apesar disso, os pais podem começar a trabalhar a idéia de rotina na mente do bebê através de uma sequencia de atividades, e criando associações. Por exemplo, antes de colocar a criança para dormir no que seria o início do sono noturno, os pais podem fazer uma “rotina do sono”. Uma rotina do sono poderia ser um banho, uma troca, colocar um pijaminha, amamentação, e ler uma historinha com a criança no berço. Esse é só um exemplo, claro, os pais vão adaptar a rotina às suas possibilidades. Mas a rotina do sono é sempre bom que seja voltada para a redução de estímulos, com menos brincadeiras e sons e vozes em tons mais baixos.

Telas (celular, TV, ipad) são contra recomendadas até os 2 anos de idade, e devem ser evitadas principalmente perto do horário do sono. É importante também conforme se aproxime do horário do bebê deitar, os pais reduzam a iluminação do ambiente, para que ele também comece a entender a diferença entre dia e noite.

Que horas devo colocar o bebê para dormir?

Cada criança tem sua própria necessidade de sono, e essa necessidade deve ser “sentida” pelos pais ao longo do tempo. Nos primeiros meses do bebê, uma média que pode ser considerada é um horário próximo das 18-19 horas para a criança ir dormir. Evite ficar postergando muito o horário acreditando que vai aumentar a pressão do sono e que o sono vai ficar mais pesado, ou que ele vai dormir até mais tarde por conta disso. Todos os relatos que encontramos mostram o contrário, se a pressão do sono é tão alta que ‘transborda’, ultrapassa um limite, a qualidade do sono do bebê fica pior.

Mas não entre em parafuso se você não estiver conseguindo encontrar o melhor jeito ou o melhor horário. Muito menos se você não estiver conseguindo adaptar a rotina do seu filho a horários pré-estabelecidos. Algumas crianças brigam mais contra o sono que outras. PONTO. Avalie, faça testes, e tenha paciência; afinal, o início é difícil mesmo! E cada dia é de um jeito. Se tiver sendo uma luta, peça ajuda. Aproveite para ler mais sobre o sono do bebê no artigo escrito aqui do site pela Terapeuta do Sono Rachel Castro.

2. A partir do 4º mês

Com o final do 3º mês do bebê, acaba o período conhecido como exterogestação, em que o bebê ainda ‘se sente’ dentro do útero e parte do corpo da mãe. Suas habilidades começam a se desenvolver, a visão já tem uma melhora significativa, o corpo começa a adquirir uma autonomia maior, e em pouco tempo o bebê será capaz de alcançar os objetos. E com isso, cada vez se torna mais importante a inserção de algumas atividades, a exposição à luz natural do dia, e o aumento de estímulos para o desenvolvimento saudável.

Com a entrada no 4º mês também o corpo do bebê passa a produzir mais melatonina, que é o hormônio regulador do sono. Com isso, a tendência é que o sono do bebê fique mais regulado e ele passe a dormir melhor durante a noite. As sonecas durante o dia também começam a ficar mais estabelecidas, a pressão do sono é menor (dorme menos horas no dia) mas pode começar a tirar um número mais definido de sonecas em uma faixa de horário.

Um terceiro fator que muda bastante na vida do bebê nessa fase é a amamentação; pois o bebê já tem capacidade de ingerir mais leite a cada mamada. Então ele consegue manter um intervalo maior entre uma mamada e outra, inclusive aproveitando esses intervalos para fazer mais atividades.

Levando todos esses fatores em consideração, a rotina do bebê pode começar a ganhar mais corpo. Os pais podem estabelecer, por exemplo, um horário fixo, para ir passear com o bebê, de carrinho, ou com um canguru ou sling. Se for verão, e os dias forem bem quentes, uma outra dica de atividade diária é um banho para relaxamento, acompanhado de alguns brinquedos de banho. Seja qual forem as atividades, quanto mais consistência (repetição), mais o bebê começa a entender aquilo como parte da rotina dele. Peça ajuda para o pediatra para ajudar a montar uma rotina que faça sentido para o seu bebê.

Atenção! Não deixe de “ler” os sinais do bebê

Rotina é importante, sim. Mas jamais deve superar as necessidades básicas do bebê. Se conseguir manter alguma regularidade, por exemplo, em relação aos horários de amamentação, melhor! Mas nunca deixe o bebê passar fome por conta disso.

A mesma regra vale para as sonecas, não deixe de oferecer a soneca se sentir que o bebê está com sono. Às vezes é difícil saber ao certo o motivo do choro, se está com fome, sono, ou algum incômodo. É natural ter dúvidas. Mas conforme os dias passam você vai conhecendo seu bebê cada vez melhor e aprendendo a identificar. Procure entender qual a “janela de sono” ideal do seu bebê, que é o tempo que a criança fica acordada entre uma soneca e outra. Esse é um dos principais conceitos de profissionais que trabalham rotina do bebê e pode influenciar muito no sono noturno.

Para manter a rotina, tenha como objetivo colocar o bebê para dormir à noite sempre no mesmo horário, mantendo o mesmo ambiente com redução de estímulos. Mas procure ‘sentir’ o horário que funciona melhor para o seu bebê. É natural que com o crescimento do bebê, ele passe sentir sono um pouco mais tarde. Mas a melatonina tem horário: geralmente ela começa a ser produzida no início da noite, com a redução da iluminação natural. Então a recomendação é tentar aproveitar esse fator, evitando colocar a criança para dormir muito tarde.

3. A partir da introdução alimentar

A introdução alimentar costuma ajudar muito na rotina do bebê! Geralmente a introdução alimentar é feita no 6º mês de vida do bebê, quando ele começa a ficar sentado sozinho. As etapas da introdução alimentar podem variar de acordo com cada orientação do nutricionista ou pediatra. Mas o truque aqui é procurar ensinar e acostumar o bebê com o “horário da comidinha”, colocando ele para sentar na cadeirinha de alimentação, e fazê-lo entender que agora tem essa nova “atividade” na rotina.

Quando as refeições já estão introduzidas e consolidadas na vida do bebê, sua “agenda”, que no primeiro mês era só mamar e dormir, começa a ficar cheia. Acorda, mama, dá um passeio, toma um banho, come uma fruta, dorme, almoça, faz outra atividade…. você começa a perceber que uma atividade precede a outra! O que de certa forma, traz um certo conforto para algumas mães que às vezes não sabem mais que atividade “tirar da cartola” para preencher o dia.

Nessa fase, muitos bebês também já estão inseridos ou se preparando para entrar na escolinha. A escola também é um outro fator que traz muita previsibilidade e auxilia na consolidação da rotina do bebê. Converse bastante com a escola que o seu bebê frequenta ou vai frequentar, para entender a rotina que eles trabalham lá. Assim, vocês podem trabalhar juntos para que a adaptação da rotina da casa para a escola seja o mais tranquilo possível para o bebê. Tenha em mente que o período de adaptação da escola pode dar uma  bagunçada geral na rotina, assim como no sono. Afinal, a criança pode estar confusa com o novo ambiente e se sentir um pouco insegura com o tempo mais longe dos pais. Mas passando a adaptação, a rotina deve só melhorar.

Próximos passos

Muitos aspectos da nossa vida de mãe vão se tornando cada vez mais difíceis com o crescimento dos bebês. Eu acredito que a rotina, ao contrário, vai se tornando mais fácil, conforme a criança vai aprendendo a assimilar os elementos e atividades presentes no mundo dela. Conforme a criança vai crescendo, ela começa a entender melhor também o que os pais estão falando, e aos poucos vão aprendendo a se comunicar.

O sono, por mais difícil que seja – e tem famílias que realmente passam por muita dificuldade com o sono até os 2 anos de idade – tende a melhorar. Não crie expectativas, não faça comparações, tenha sempre em mente que a evolução não é linear, mas, se precisar, procure ajuda. Não deixe que a privação do sono a faça perder sua qualidade de vida. Todas nós sabemos que é difícil – e o nosso corpo aguenta muita coisa – mas tem um limite. E se nós não estivermos bem, não conseguiremos cuidar bem dos nossos bebês. É importante que VOCÊ tenha qualidade de vida, até para que consiga aproveitar e ter um tempo com qualidade com seu bebê. E é exatamente esse é nosso objetivo ao trazermos conteúdo aqui para as vocês, mamães.

O que as mães falam sobre a rotina do bebê